Artigo de Juarez Duarte Bomfim



A sexualidade daimista

 

 1. Bases filosóficas do cristianismo

 

"Ninguém pode servir a dois senhores, porque odiará a um, e amará o outro, ou se prenderá a um e desprezará o outro. Não se pode servir a Deus e a Mamon".[2]

 

Na época em que Jesus esteve entre nós, o povo sírio adorava o Deus Mamon, feito de ouro e prata. O Deus Mamon era o Deus da riqueza, do luxo e dos prazeres inferiores.

 

Os valores mundanos são valores diametralmente opostos àqueles apregoados por Ele, o Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja ética pode ser resumida em alguns dos seus ensinos: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga"; ou "se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos Céus".

 

Jesus também disse: "Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir", afirmando que a lei mosaica igualmente era a sua lei.

 

Daí que a doutrina do Cristo é a doutrina do amor, da renúncia e do perdão; o Apóstolo Paulo e outros santos e teólogos que o procederam desenvolveram, com base nos Evangelhos, o que seria denominado de ética e moral cristã.

 

O sistema de crenças baseado nos ensinamentos de Jesus Cristo chama-se cristianismo, e é a maior das tradições religiosas existentes. Com cerca de 2,13 bilhões de adeptos, que representa 33% da população do mundo, é predominante na Europa, América, Oceania e em grande parte da Africa e partes da Ásia.

 

Há muito que a Igreja Católica perdeu o monopólio do cristianismo, com o surgimento de diversas denominações cristãs.

 

2. A Doutrina Cristã do Santo Daime

 

No Brasil, final da década de 1920, um jovem seringueiro nordestino, descendente de escravos africanos da antiga província do Maranhão, Raimundo Irineu Serra, experimentou a ayahuasca e numa dessas vezes, em visão - ou miração - lhe foi revelada uma missão aqui na Terra, da qual resultou na criação de uma nova denominação cristã, genuinamente brasileira, denominada de Santo Daime.

 

Uma peculiaridade do Santo Daime é ser uma doutrina cantada, onde o conteúdo das mensagens é trazido na forma de hinos, poesia musicada que expressa a base religiosa e filosófica da doutrina.

 

Os hinos anunciam a realidade sagrada, as revelações divinas manifestadas em forma musical.

 

Diz um hino que "Jesus Cristo veio ao mundo replantar santa doutrina", e a missão do Mestre Irineu Serra é a mesma missão de Jesus, a sua continuação na condição de professor de uma escola espiritual.

 

A doutrina de Raimundo Irineu Serra se anuncia cristã em inúmeras passagens do seu hinário, isto é, tem como núcleo pétreo de fé a crença em que nosso Senhor Jesus Cristo foi Deus feito homem e veio ao mundo para redimir quem nele creia e a ele peça porque crê.

 

Porém há algumas características especiais, particularmente a interface com a matriz cristã católica - da qual parece se originar ou sofrer influência - e elementos da cultura do ameríndio colonizado. Pois a doutrina do Santo Daime constituiu-se a partir de um vigoroso movimento relacionado com o avanço do universo mágico-religioso dos povos da floresta em direção às cidades. Pode ser considerado o cristianismo da floresta, a doutrina e a luz da floresta.   

 

Considera-se que a doutrina do Santo Daime se constitui da eclética mistura de catolicismo popular, espiritismo, religiosidade africana e xamanismo indígena. Sua condição de existência reside na abertura para a fusão de diferentes e, por vezes, até antagônicas influências, crenças e concepções religiosas.

 

Se assim não foi concebida originalmente pelo fundador, com o tempo sincretizou-se através das práticas dos discípulos do Mestre Irineu, que se tornaram líderes daimistas após o seu falecimento.

 

Entretanto, independente do sincretismo e ecletismo que prevaleça, a base moral e ética cristã continua a mesma, sempre reafirmando os postulados do Cristo.

 

3. Os anos 1960 e a Nova Consciência Religiosa

 

Nos anos 1960 surge em diversas partes do mundo um movimento de contestações que logo chegou ao Brasil, nas grandes cidades, ganhando adeptos entre indivíduos das camadas médias urbanas, com alto grau de escolaridade. Um dos nomes generalizantes que se dá a esse movimento é o de contracultura.

 

Primeiro na Europa, depois nos Estados Unidos e Brasil, esse movimento de contestações ganha adeptos entre intelectuais, artistas, estudantes secundaristas e universitários. Essas manifestações não são uniformes nas suas pautas de interesse, tanto do ponto de vista ético-político, como artístico-estético e cultural-comportamental.

 

Esse movimento de contracultura se constitui em uma opção geracional. Paralelo ao apelo por revoluções sociais e sexuais, parte da juventude do país escolheu por estudar e conhecer civilizações orientais e a recuperação do exótico, do diferente, do original, seus mistérios transcendentais e ocultistas.

 

Nos idos de 1970, frente ao fracasso da resistência armada à ditadura militar, jovens adotam uma forma de transformação mais individualista adotando idéias "hippies" e da "Nova Era" que começavam a chegar ao Brasil.

 

O holismo místico-ecológico substitui crenças e práticas anteriores, e o repertório sobrenatural e espiritual dos recém convertidos passa a ser povoado por lamas tibetanos, iogues, orixás, chamas violetas, discos voadores, seres extraterrestres, cristais, pirâmides, os ensinamentos de Don Juan relatados por Carlos Castañeda e outros exotismos.

 

Entre as diversas tendências contraculturais existentes destaca-se a nova consciência religiosa, formada por indivíduos representativos de trajetórias identificadas com o programa ético-político moderno, de tipo "libertário" e críticos da tradição, especialmente do "fardo repressivo" das tradições religiosas.

 

Estes sujeitos originários do modelo individualista-laicizante, freqüentemente educados dentro de padrões racionalistas e iluministas, mostram-se crescentemente atraídos pela fé religiosa, pelos mistérios do êxtase místico, pela redescoberta da comunhão comunitária e pelo desafio de saberes esotéricos.

 

Nos anos 1980 verifica-se a expansão de religiões usuárias da ayahuasca entre membros da classe média de metrópoles não amazônicas, com grande publicidade envolvendo a conversão de artistas e celebridades de TV.

 

Parte desses sujeitos adere ao Santo Daime, religião popular do norte do Brasil, O novo adepto urbano realiza reinterpretações e constrói as suas equivalências simbólicas para compreensão e justificação da doutrina que adotou, e cria uma relação de identidade com ela.

 

A conversão dos novos adeptos, embora implicando em muitas mudanças no seu sistema de valores, os levará a conceber alterações de consciência pelo uso de substâncias, não apenas como socialmente aceitáveis, mas também como um caminho para o conhecimento espiritual e seu desenvolvimento.

 

Como esses novos adeptos percebem o Santo Daime? Qual a ponte que liga a nova consciência religiosa com esse culto popular amazônico?

 

4. O self do converso

 

E é da formação do ethos e da visão de mundo dele derivada, que se constrói o self do converso, que adere a um sistema de valores religiosos, considerado como "novo". De uma perspectiva sociológica, o self é um conjunto relativamente estável de percepções sobre quem somos em relação a nós mesmos, aos outros e aos sistemas sociais.

 

Essas idéias têm origens em várias fontes: 1º. fundamenta-se na maneira como pensamos que outras pessoas nos vêem e avaliam; 2º. baseia-se também em idéias culturais sobre os status sociais que ocupamos. Dessa maneira, por exemplo, podemos formar um senso geral sobre quem somos, isto é, um autoconceito, que se baseia nos status sociais ocupados pelo indivíduo, conhecido como identidade social.

 

O self é socialmente "construído", no sentido de ser moldado através de interação com outras pessoas e por utilizar materiais sociais sob a forma de imagens e idéias culturais. Como acontece com a socialização em geral, é claro, o indivíduo não é um participante passivo desse processo, e pode exercer uma influência muito forte sobre a maneira como o processo e suas conseqüências se desenvolvem.

 

5. A construção do self daimista: o "tipo ideal"

 

O Daime pode ser considerado "estimulante natural" de uma das funções antropológicas consideradas fundantes do humano: a função simbólica, nesse caso, aplicada à relação religiosa do homem com a sociedade, o cosmo e os deuses. Um estimulante capaz de fundar códigos de ética e de conduta moral, mostrando assim capacidade de operar à passagem do "estimulo natural" à cultura.

 

Dessa maneira, os daimistas sublinham o poder do chá do Santo Daime no que se refere à correção dos desvios morais do sujeito e, gradativamente, vão construindo todo um conjunto conceitual que é utilizado no sentido do desprestigio do secular, de desvalorização de aspectos como diversão e entretenimento, de atividades identificadas a um apego à vida mundana e, por outro lado, a ênfase em questões relativas ao afastamento e à salvação do "espírito" no que alude às "tentações" materiais.

Sob influência da doutrina kardecista, a noção de "evolução" é utilizada pelos adeptos do Santo Daime para depreciar todo um conjunto de atitudes e sentimentos considerados excessivamente apegados à matéria que passam a ser definidos como "menos evoluídos".

Um outro poder do Daime, bastante destacado por esses religiosos, relaciona-se à sua ação terapêutica nos rituais e no dia a dia. O poder terapêutico do Daime está ligado à transformação moral, um fenômeno muito mais amplo do que uma cura puramente orgânica. Os conceitos do espiritismo kardecista se juntam às concepções cristãs na organização das explicações daimistas da doença e da cura.

Desse modo, as noções de doença e cura sofrem ressignificação, com uma interpretação simbólica da doença no tocante à vida pessoal dos sujeitos. A cura de doenças significa saúde/salvação. Esta interpretação é construída através de noções cristãs como o "arrependimento" e o "perdão", apontando para a necessidade de uma transformação ética, a qual implica numa valorização da vida ultraterrena em detrimento de temas mais diretamente ligados à vida mundana.

 

5. A construção de um outro self daimista: os seguidores do deus Mamon

 

Como foi dito, os novos adeptos urbanos do Santo Daime são originários do modelo individualista-laicizante e freqüentemente educados dentro de padrões racionalistas e iluministas; porém, quando rompem com este paradigma adotam uma visão de mundo "alternativa", de busca de comunhão comunitária e saberes pretensamente esotéricos.

 

Esses novos adeptos adotam uma forma de transformação individualista, identificados com o programa ético-político moderno, de tipo "libertário" e críticos do "fardo repressivo" das tradições religiosas. Assumem ideais hippies ou neo-hippies, anticlericalismo, liberalismo sexual e o orientalismo new age.

 

Ressignificam e reinterpretam as bases filosóficas da ética judaico-cristã, ao contestarem as noções de culpa, pecado e da necessidade do perdão. Todavia, como os exemplos de contestação dos pilares do cristianismo são vastos, nos ateremos nesta breve comunicação a apenas um dos inúmeros temas, o da sexualidade, isto é, como ela é ressignificada por parte dos novos adeptos urbanos do Santo Daime.

 

A ética cristã em relação à sexualidade é límpida e transparente. Quando levaram a Jesus a mulher apanhada em flagrante adultério, para ser apedrejada, o Mestre perguntou aos acusadores:

 

- "Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra".

 

Após se retirarem um a um, Jesus lhe indagou:

- "Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém Senhor. Então lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais".

Quão generoso é o Senhor que nos dá a oportunidade do arrependimento e do perdão, porém com a mesma advertência feita a mulher adúltera: vai e não peques mais.

E o Mestre prossegue: "Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela". Isso porque Jesus desejava para seus discípulos: "sede perfeito como vosso Pai do Céu é perfeito"

 

O apóstolo Paulo, legítimo expoente da doutrina cristã, celibatário como era, recomendava: "bom seria que o homem não tocasse em mulher"; contemporizando ele completa: "mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido".

 

Disso decorre a monogamia legal e moral da civilização cristã.

 

Entretanto, os novos adeptos urbanos do Santo Daime - nacionais ou estrangeiros - que adotam o Daime da "linha do Padrinho Sebastião", por ser esta a linha expansionista, ressignificam e reinterpretam a mensagem doutrinária dos hinos, a partir do sistema de valores comportamentais que trazem consigo das suas experiências paralelas ou anteriores.

 

Em busca dos conhecimentos orientais, muitos desses novos adeptos são ou foram discípulos de Bhagwan Shree Rajneesh, Osho, professor de filosofia na Índia que se erigiu em guru de muitos.

 

Filósofo instigante, a sua face mais polêmica está ligada ao apodo que recebeu de "guru do sexo", pois Osho defendia a idéia de que ninguém seria livre se tivesse qualquer tipo de repressão sexual. Considerava que o sexo é o instinto mais poderoso no ser humano. Os políticos e os sacerdotes por entenderem isso desde o princípio, o reprimem, pois ao se permitir total liberdade no sexo, não haverá possibilidade de dominação. Resumidamente são essas as teses.

 

Por crer que a repressão sexual era a base da insatisfação humana, Osho desenvolveu terapias nas quais a principal atividade era o sexo livre.

O teatrólogo Mario Piacentini, em entrevista à Revista TRIP, depõe: "Praticávamos muito tantra... Passávamos, um grupo de dez pessoas, uma semana trancados num quarto, transando", conta o diretor de teatro. "Essa técnica funciona porque todos os demônios da pessoa emergem".

 

Bem pontuado... onde está o demônio não está Deus.

 

O certo é que um número significativo de sannyasins (discípulos) de Osho adotaram a Doutrina do Santo Daime, buscando sincretizar os dois sistemas de valores: a ética cristã e a libertinagem do "dark room" do ashram de Osho em Puna, na Índia.

 

A coincidente proximidade das datas de falecimento de Osho e do Padrinho Sebastião (19 e 20 de janeiro de 1990), levou a que esses sannyasins/daimistas concluíssem que os dois desencarnados estavam trabalhando juntos no astral...

 

Curioso, o mesmo Padrinho Sebastião que tinha se tornado celibatário e pedido votos de celibato para muitos da sua irmandade, trabalhando lado a lado com o "guru do sexo"...

 

Bem, em todas as denominações religiosas que se prezem pululam escândalos sexuais. Parece que isto é inerente aos religiosos - ao lado da hipocrisia. O fato novo é que entre certos daimistas os escândalos sexuais passam a ser justificados doutrinariamente pelos adulterinos que se intitulam sannyasins de Osho como uma forma de buscar a libertação...

 

Na verdade esses pecadores vivem na "maya", mundo de ilusão, presos aos instintos e desejos mundanos. Ao invés de ilusoriamente alcançar a sua emancipação, praticando o tantra da mão esquerda, correm o risco de queimar no fogo da geena (inferno) ou, na melhor das hipóteses, sofrer as conseqüências terrenas de tal vida irresponsável: infelicitando a si mesmo e seus familiares e amigos pela conduta censurável.

 

Correm o risco de após o desencarne, sofrerem na erraticidade como espírito vagabundo, até que um dia, na sua santa misericórdia, Deus lhes dê licença para uma outra encarnação.

 

   

[1] Juarez Duarte Bomfim é Sociólogo e Doutor em Geografia; professor universitário na Bahia.

[2] Lucas 16: 12.

 


Publicado em: 16/06/2009

Autor: Juarez Duarte Bomfim

Fonte:



Comentrio(s) dos leitores


1. Religion and Sex, what Holy Fire

10/07/2009 07:28:00

 

My dear Brothers and Sisters,
This article you did send me, invites me to think about where I stand.
I decided to share this.
I have written it in English and I can only give you a computertranslation into portugeese.
But maybe there is someone who recognises some values and will make a translation in correct portugeese to share.
I am also looking forward to more expressions about being a Daimista. But always remember, it is not about words, it is about deeds.
In love
Inge from Holland.
 
Here is the essay:
 

Religion and Sex, what Holy Fire.

 

Well, I have to tell you that when I see the name of the Apostle Paulus (who never met Jesus) or Augustinus, I stop my positive attitude. I think they have done a lot of harm against us women.

I come from a very religious dogmatic line. The only communication I was trained in in my youth was dogmatic religious discussions ( mostly with a very negative energetic outcome).

So, especially when you want to discuss religion and now sexuality and religion, you really have to be very very careful. I at least. I have totally no intention to thread on what you experience as the Truth.

I only claim the place to share My Truth. If you do not like it, do not read it.

But in all this studying the Bible (words translated by men who did not know the Holy Secret themselves) and in all those Religious Meetings and Services I never met GOD like I now experience in the Santo Daime. I learn to understand the Bible Words and the Holy Words from other traditions in a new Meaning.

 

I can illustrate this in a Sura from the Koran which says:

There are no women, there is only The Woman.

This text is standing in more than man-sized lettering on a building here in Amsterdam. This text makes me very angry. How do they dare to express this in our western culture. I wrote several levels of our government (answer: we have freedom of speech here) and a feminist organization (no answer). Why am I so angry about it?

Well did not we women of my age stand up for the right of every woman to have her own right to be an individual (the right of individualization, emancipation) and make her own choices. And here a religious group (where in a certain way women are suppressed) uses the women to make a statement to deny all women in our country. Not saying: “God is Great” or “Who comes to Me will stop suffering”, no a statement which makes war and is an insult. (It is the men who have chosen this text !!!, like in my youth men wrote books like: “The Woman, a scientific study” (do not read this book you will vomit instantly )).

But the most terrible is that for me this is a true text.

In drinking Santo Daime and studying the Santa Maria it got clear to me that the only wish for me as a woman is to carry/to be the image of the Mother.

BUT I get very angry when men  misuse this Sura. I do not allow men to say this, without deep respect and when they use it as a cry of war, this respect is lacking. Very bad things have grown out of this Sura.

Well I hope that I have illustrated the sensitivity and complexity of working with insights and words from Books from different times. Even when they are called Holy.

 

Another illustration comes up now.

How we all think our culture is so good.

The Americans think they are the “country of freedom”. But they have one of the highest amount of their people in prison. And when you look at the social strata in prison, you will be shocked. Remember, when you are in prison there, your personal integrity is no longer guaranteed. And when they know I honor the Mother, I will be banned.

We call this culture-centric thinking: the fish is the last one to find that he lives in the water.  I prefer the freedom of Holland and my German friends think in Germany is more freedom. And so we go on and on.

So be very careful with what is culture and what is perennial Truth (which has changed over time as well).

Some say that you cannot receive more Hinos than Mestre did, but what to do then with people younger than Mestre  when he became invited in the S Daime, who want to drink Santo Daime.

So do not invent laws, which are not, only your culture. Do not think you have the right model, because until now nobody succeeded in creating a society like Paradise.

 

I am still wondering about the why of this essay of J D Bomfim.

(Maybe I just have not enough Portugese.)

Was it a message to discuss the pre/trans-fallacy of Ken Wilber?

Or to place the Kardecians?

Was it only against Osho? Or only against free sexual behavior.

Well, if so many followers of Osho came to the S Daime, there must have been something in his teachings that opened the people for the Treasure of S Daime.

Thank you Osho. I do not always agree, but you did open some petrified cultures, cultural aspects and thinking.

 

-          I will not have an answer about sexuality.

But I like to share some insights from my studies and especially which are given in my Holy Dreams.


 

An important revelation for me  in the drinking of the Santo Daime was, that I came in the Oceanic, that what I call GOD, the place of Light without Words or images.

This is what I want to exercise in the Santo Daime, or better: in my life. To fill with The Light and to carry that in this World. “.... and Henoch walked with God … “ and I am such a small student still.

And when I meet on the soul-level we only share how we are connected in this Light. And we both can do what our God ordered us. (And we do not have to talk bad about our brethren, because we do the Work of The Light)

On a certain moment you only have to look in each other’s eyes to recognize the Holy Light. Then I really experience what Mestre called The Universal Flowing Light. Not about what is your school, what is your religion, just this Light..

So I am a seeker of what I call the GOD-experience. But when I meet a believer of the Religions of The Book (Torah, Bible, Koran) they throw words at me. I am no longer interested in these words (how can you translate the highly symbolical and poetical words over time and culture without having the personal experience and what is said in one culture can be so misunderstood in another).

No for me the only “Religion” that is left is the GOD-experience  itself . And that is where I like to meet you.

That is what the forest, the Holy Herbs, my plant-teachers, give me.

And I recognize this wisdom in many old texts. Nothing new.

 

Now I will tell something what can be shocking for many, who want to take the scriptures word for word.

That I no longer am a Christian in the way Biblical Christians define themselves.

And when I reread the Bible, I find this story there too ! ! !

It is often said: Christ the Son of God. But it is said also: Christ the Son of God and son of men. And this is the message:

We, we ALL, are children of God and child of men. Christ did us remember that we are this, this both.

You, me Child of God. You, me child of men.

And Christ showed us how to live this.

 

And He did not die for me to buy me free. When I am in the Light there is no debt. There is instant forgiveness. Always. No memory of my mistakes. Well, there is no “I”, how can there be even a memory of my sin.

So Jesus taught me that I have to bestow all my sorrows on HIM, on God, to bring everything into the Light..

Jesus showed me how “who lives the Light”, can go through material death. Fears no death.

That is meant by: for who walks the Light, the suffering ends.

Well is not that, what many religions teach.

Mestre saw the second beam of the cross: the Light is here already, in this world. In you, in me.

So the fall from paradise is just the re- location of the “I” on the material plane. Where suffering prevails.

 

In the Cosmic viewing, where I am taught not to look from my “I” , but from outside the material world, I can see the material. The molecules that come across each other, attracting, distracting. Everything  changes, gets influenced in the material world, everything very soon loses its “prime “condition. That is the Law.

And did not nature have a beautiful answer to that (, so that there is nothing wrong with this Law and you only think there is something wrong with this law because you yourself have an idea how everything should be –with you the center of this universe):

The material is either very hard, or (like with organics) has a system of constant renewal. And seen through the time warp, I am just a new leaf on the tree of my ancestors. Growing in their energetic patterns.

Yes I am also this child of men. Born in the Cosmic law of the Material world. Born in this existing material energetic pattern. And when I do a sin against those laws: well if I cut my hand of, there is memory, I will have to live without this hand from now on. And my I gets formed by all the energies that hang around there.

 

How do we symbolize this material plane?

Well we do it by the image of the Mother. Like I was formed in her womb, build from her flesh. And like the earth gives the food. And the mother is especially geared to bring forth, in the flesh, in her place and also psychological. In some religions/cultures this has been negatively explained in rules like: men have the spiritual office, women are of the flesh, etc.

Yes now that the I (eye) has gone to the material plane, we can read the paradise story all over again. And all birth and creation is the feminine principle. So making a difference in sex-roles, the role of the woman is clear to me, she is geared to bring forth. She is for mankind the door into the material world. That is why she is blamed for the sin in this world. Yes, that is why I, when I want to live my Child of God AND child of mankind, my only wish is to carry the image of The Mother.


 

For men it is more difficult.    -           I am not a man, so I have to go carefully here.

They are always divided in the being the son of the Mother and being this Child of God. Mirroring His Fatherhood. This is also a beautiful task. And he is geared for this role. Giving guidance and security to the House.

But my problem is that men seem to have forgotten that they are also the son of The Mother. Raping her nowadays in every aspect: Poisoning Mother Earth, women who have to be successes in male designed organizations and other neglects about her wellbeing. In my profession they have coined the idea of “serving leadership”. For me (and again I am no man) here is for many men a lot to study.

So my dear Brothers, live being this Child of God (like you and I are) but also:

Take your place, being also this son of The Mother.

Yes, your honor should be to serve and guard in this material world, to bring The Light there..

I recognize your difficult situation, how you always want to carry this Image of God The Father in this world, but learn also that in this material world, it is expressed through your relationship with The Mother.

(well how far these concepts are from my own culture her in W-Europe, in the Brazilian culture I see more of this understanding, you are lucky)

 

This is the way I want to live, inspired by my Holy Drink, ( it being in) this relationship with the Mother, which is lived in the material plane. And always remembering in all cells The Holy Light, which Fathers me.

This beautiful marriage between God and His Creation. Like we sing in these great Hinario”s (esp. P Alfredo) and is in so many Scriptures.

Yes that is my obligation to live in this material world this relationship between The Father and The Mother.

Because there is always this tension, that, when we are in the material plane we tend to forget The Light.

And the material laws are so great. We are totally geared (all our 5 senses) for survival on this crust of this planet.

And even the procreation is so attractive that it will always happen.

But who drinks S Daime will be invited to mirror on the symbolic level this Holy Marriage between God and His Creation. To enter this Cosmic Level.

Not to live men and women,  father and  mother, but to live the Marriage of The Father and The Mother. To carry, to bring forth This Holy Light in This Creation. Every minute and in every cell and in every deed and in every thought.

How this Temple looks I cannot tell you. It is beyond words. You will know when you are There.

 

And what I have learned in my studies is that, what we live in Western Europe, this nucleus family, is far from healthy. Each child is subjected to one mother and one father (or less). And each of the failures of them will be imprinted in the child. That is such a road downward into neurosis. So in my view  (like is told on a secular level in the work of Bruce Lipton) it is so important that each new child is raised in Eternal Love, The Light of The Father, in this House of  The Mother. So not only that he can understand this relationship, but that he is fed into living like That.

This Message imprinted in every cell.

An old saying is : it takes a village to raise a Child. Then the child encounters different ways to be and feel the differences and to be able to make better life choices that way. The material world is the house of the Mother.

So when you meet, especially when procreation is there, we have to remember this. When you are together, is God there? Is this the most holy deed of creation, bringing God in this world. The beauty of the Temple? What more precious present we have to give to the world. So it is your choice to fornicate in this world only bringing forth prisoners of the material plane or giving birth to deeds and feelings (and maybe even a child) of Light and connected beyond this plane and even time.

I think this is the Temple the Daimista wants to go.

 

In the Bible we can read how the first Christian communities tried to live this Holy Law. Many cultures had their try outs too. And we Daimistas do the same inspired by our meeting/marriage In The Light.

But until now they all detoriated, so I am still waiting for  the living of this Holy Law.

And the only thing we can say is: yes I do try. This is my Promised Land.

(And forgive ourselves when we fall down again.)

In the animal world there are so many models of to live together, to be a society.

I do not know which is the best for men.

Only that it should mirror our belief of this Holy Marriage between The Father and The Mother.

Let’s carry That Light in this world. You, me.

 

Be blessed.

 

H. Inge van Werven

werven@hetnet.nl -




  

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