Confia, confia
Confia no poder, confia no saber
Confia na força
Aonde pode ser
Esta força é muito simples
Todo mundo vê
Mas passa por ela
E não procura compreender
Estamos todos reunidos
Com nossa chave na mão
É limpar mentalidade
Para entrar neste salão.
Este é o salão dourado
Do nosso pai verdadeiro
Todos nós somos filhos
Todos nós somos herdeiros
Nós todos somos filhos
É preciso trabalhar
Amar o Pai Eterno,
É quem tem para nos dar.
Esse é um apelo de fé, de firmeza: confia! Confia! Na força, saber e poder que estão ali, a vista de todos, basta o Daime tomar. E esta força, o poder Divino, que se manifesta na criação, é muito simples, todos vêem, mas não procuram compreender. Segundo Okamoto, a iniciação nos mistérios do Daime "desvela" a realidade dessa "força" natural desconhecida da maioria das pessoas[485].
A chave para entrar no Reino de Deus, no salão dourado do Pai verdadeiro, é limpar a mente das agruras e vicissitudes dos maus pensamentos, que nos levam a cair em tentação.
O salão dourado do Pai verdadeiro é o templo aonde acontecem os cultos. Seus praticantes são filhos e herdeiros do Império Juramidã. É interessante notar o sentido de reunião durante o culto, que “’limpa’ a mentalidade dos que entram nesse salão simbólico”[486]
Existe o “salão dourado” terrenal, onde acontece a função religiosa, que cumpre o papel simbólico de ser a réplica por nós construída do templo do Senhor, plasmado no mundo espiritual, este sim o real Salão Dourado do Pai verdadeiro, do qual buscamos ser filhos e herdeiros.
Respondeu-lhes Jesus: derribai este templo, e em três dias o levantarei.
Disseram, pois, os judeus: em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias?
Mas Jesus falava do templo do seu corpo.
Para entrar no santuário do Senhor é preciso trabalhar - e amar o Divino Pai Eterno sobre todas as coisas.
Notas: [485] SILVA, Leandro Okamoto da. Marachimbé chegou foi para apurar. Estudo sobre o castigo simbólico, ou peia, no culto do Santo Daime São Paulo: Dissertação de mestrado defendida na PUC-SP, 2004, p. 142.
[486] COUTO, Fernando da La Rocque. Santos e xamãs. 1989. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade de Brasília, p. 78.
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