81. Professor


Aqui tem um professor
Que vai deixar de ensinar
Que ele ensina, ninguém faz caso
Só lêem de diante para trás

Só lêem de diante para trás
Mas ele não ensina assim
Ele ensina é direitinho
Mas ninguém não faz assim.

Se todos assim fizessem
Estavam um pouco adiantados
Eram servos de Deus
E do povo bem estimados

Eu entrei em conferência
Para deixar de ensinar
A Virgem Mãe me disse:
Ninguém não pode obrigar

Se ensina e ninguém faz caso
Ninguém trata de aprender.
Depois não se admirem
De tudo o que aparecer

Todos mandam em suas casas
Eu também mando na minha
Todos ficam sem aprender
Eu fico com a minha Rainha.

 

Os hinos 81, 82 e 83, segundo Percília Matos, “já é ele avisando que vai embora”

Estes hinos saíram numa época em que ele estava muito perturbado com uma família que ele teve com a outra mulher dele, a dona Raimunda. A sogra dele bebia cachaça e perturbava demais. Que Deus a tenha, que já está lá na eternidade, mas a velha não se rendia de jeito nenhum. Ela tanto insistiu, até que tirou a filha da mão dele. Ela resolveu ir embora e levou a filha. Elas foram para São Paulo.[325]

Assim o antropólogo Fernando La Rocque comenta esse hino:

Neste hino o professor (Mestre) vai deixar de ensinar porque os alunos não fazem caso e só lêem de diante para trás. Ser aluno é seguir adiante, participando do culto (aprendendo) com obediência, para ser servo de Deus e bem estimado pelo povo. Os que não fazem caso são alertados pelo professor, que não podendo obrigar os seus alunos, fica com a Rainha (professora).[326]



 

Notas:
[325] Depoimento de Percília Matos da Silva a MAIA NETO, Florestan J. Contos da Lua Branca. V. 1. Rio Branco: Fundação Elias Mansur, 2003, p. 41.
[326] COUTO, Fernando da La Rocque. Santos e xamãs. 1989. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade de Brasília, p. 85.

 


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