75. As Estrelas


As estrelas já chegaram
Para dizer o nome seu
Sou eu, sou eu, sou eu
Sou eu um filho de Deus

As estrelas me levaram
Para correr o mundo inteiro
P’ra conhecer esta verdade
Para poder ser verdadeiro

Eu subi serra de espinhos
Pisando em pontas agudas
As estrelas me disseram
No mundo se cura tudo

As estrelas me disseram
Ouve muito e falar pouco
Para eu poder compreender
E conversar com meus caboclos

Os caboclos já chegaram
De braços nus e pés no chão
Eles trazem remédios bons
Para curar os cristãos

 

Mestre Irineu, a mando da Virgem Soberana Mãe, viaja e conversa com as estrelas... D’Alva, D’Água, Brilhante, as Sete Estrelas... a Santa Estrela que o guia e conduziu os Três Reis do Oriente à manjedoura do Menino Jesus.

A Estrela que ele chama e... “Estrela vem”... lhe ensinar a utilizar os remédios existentes na floresta, apresentados pelos caboclos[312] para ‘curar os cristãos”. O remédio do gentio, a farmacopéia da floresta, trazida para curar o colonizador.

Luiz Mendes do Nascimento conta uma história relacionada a esse hino:

Muitas perguntas foram feitas ao Mestre, e elas não ficavam no vazio porque ele sempre respondia. Aí, a pergunta foi do compadre Chico Grangeiro acerca do hino As Estrelas. O Granjeiro perguntou: Padrinho, e esses espinhos e pontas agudas?

Ele disse: Chico, são as línguas! É isso aqui, é a língua, são as línguas! [313]

O falastrão, o que dissemina o correio da má notícia, esse tem serra de espinhos na língua. Espinhos de pontas agudas. O remédio aconselhado pelos astros é o de “ouvir muito e falar pouco”.

Jesus Cristo nos ensina o caminho da salvação: “Quem quiser seguir-me, negue-se a si mesmo, carregue a sua cruz e me siga” [314], pois: 

O caminho de Jesus Cristo é cheio de espinhos. Não é uma rua asfaltada por onde a gente passa correndo, não. Tem que aparecer o espinho que é pra mostrar se a gente tem força de vontade para seguir ou não. É como ele diz no hino: “subi serras de espinho pisando em pontas agudas, as estrelas me disseram no mundo se cura tudo”. O caminho é todo por espinhos. Negócio de riqueza, na vida espiritual não tem, não. Riqueza de dinheiro, não. Tem riqueza, mas de outra forma.[315]

Nos trabalhos de cura o Mestre Irineu chamava pelos seus caboclos. “Tantas curas que ele fazia... chamados tão bonitos! Lindos os chamados, mas ele não ensinava os chamados para todo mundo, porque todo mundo não sabe usar”,[316] nos conta Dona Percília.

É possível que esses chamados tenham se perdido por aí. Se foram olvidados ou não, o certo é que a doutrina do Santo Daime praticado pelos centros “ortodoxos” ou “ecléticos” se sustenta nas orações cantadas, nos hinos, muitos deles também chamados para os Seres Divinos descerem do Astral. E sabiamente o Mestre Irineu revelou para Dona Percília o porque de não divulgar os chamados: “ele dizia que não ensinava, porque todo mundo não sabe usar, e depois que se apossassem do chamado, queriam fazer coisas fora do comum, e por isso ele não ensinava”.

Por isso, irmãos, nossos pedidos, nossas implorações na linha do Santo Daime, devemos fazer na forma de orações e cânticos ao Senhor.

Notas:
[312] FRÓES, Vera. Santo Daime. Cultura amazônica. História do povo Juramidã. Manaus: SUFRAMA, 1986, p.106.
[313] Depoimento de Luiz Mendes do Nascimento. Disponível em http://www.mestreirineu.org/luiz.htm Acesso em 07 de abril de 2006.
[314] Mateus 16: 24.
[315] Depoimento de Raimundo Gomes da Silva. In: Livro dos hinários. Centro de Iluminação Cristã Luz Universal Alto Santo. Brasília: Gráfica do Senado Federal, 1990, p. 13-14.
[316] DEPOIMENTO de Percília Matos da Silva. Disponível em http://www.mestreirineu.org/percilia.htm Acesso em 12 de novembro de 2005.

 


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