52. A Febre do Amor


A febre do amor
É preciso compreender
Trazer sempre na memória
Este Divino poder

Minha Mãe, minha Mãezinha,
Vós me dá todo valor,
Não sei se eu mereço
Para sempre eu ter amor

Completei o meu Cruzeiro
Com cento e trinta e duas flores,
Se tiver alguma a mais,
Vós acrescente o meu amor.

 

O intenso anseio de amar (a febre do amor), que todos, homens e mulheres, procuram ter para com os entes queridos – a paixão por alguém, o amor pelos filhos... - é uma pequena expressão do amor que deveríamos dedicar a Deus. 

Sendo Deus tudo e todos (Todos-seres), Ele é a Chama Eterna e nós uma centelha da Chama Divina. Mas não nos recordamos disso, pois a nossa memória é apenas ínfima manifestação da memória Dele - Aquele que tudo recorda.

Como Deus é Amor, nos conscientizar da memória divina - que é a nossa Essência - significará o retorno ao Pai, ao Conhecimento e à Verdade Plena, pois Ele disse: “Vós sois deuses e vós outros sois todos filhos do Altíssimo”,[198] ou seja: toda criatura é centelha de Deus, portanto, uma sua parcela; logo, "deuses".[199]

Neste caminho espiritual aberto para a descoberta do Ser, mestre Raimundo Irineu Serra nos ensina sobre a Centelha Divina que habita em nós.[200]

Minha Mãe, minha Mãezinha
Vós me dá todo valor

A Mãe Divina é aqui tratada com completa intimidade e absoluto carinho, como em outros hinos deste hinário: mãe, mãezinha, prenda querida, Eterna Vida... 

Não sei se eu mereço
Para sempre eu ter amor

E com real modéstia, Mestre Irineu exprime por todos nós a dúvida humana: não sei se mereço sempre receber o amor Divino.

Completei o meu Cruzeiro
Com cento e trinta e duas flores

A estrofe final é um corte no tema abordado e parece prenunciar o total de hinos do seu hinário: 132 flores (hinos).

De fato, o hinário O Cruzeiro Universal é composto por 129 hinos. Daimistas antigos afirmam que existem três outros hinos apenas musicados, isto é, a letra existe, mas é conhecida de poucos. Outra versão é que a letra nunca existiu, e nesse caso, Mestre Irineu teria recebido apenas a música dos hinos.[201]

Nos dias de cantar este hinário, é tocada pelos instrumentistas uma “canção musicada” (e não numerada) depois de “Flor das Águas” e antes do hino 127 (Eu Pedi).

Para Bayer Neto,[202] quando o Mestre Irineu disse que completava o Cruzeiro com 132 flores, citava o número cabalístico da estrela de seis pontas, estrela esotérica, e dava um parâmetro para o número de hinos ideal para um hinário, tanto para o zelar pessoal de seu receptor quanto pelo tempo de sessão ideal. No Alto Santo o número 132 permaneceu assim como guia dos outros hinários.

Havendo dúvidas na irmandade sobre a quantidade exata do número de flores (hinos) d’0 Cruzeiro Universal - se 129, 130 ou 132... – ele responde:

Se tiver alguma a mais
Vós acrescente o meu amor.

 

Notas:
[198] Salmo 82:6 e reafirmado por Jesus: “Não está escrito em vossa lei: Eu disse: vós sois deuses?”. João 10:34.
[199] "Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus". Epístola aos Romanos, 13:1; ver o site < http://www.espirito.org.br/portal/artigos/gabilan/expressoes-evangelicas.html> Acesso em 06 ago 05.
[200] E também mais adiante, no hino de nº. 104 : “A minha Memória Divina, eu tenho que apresentar”.
[201] CEMIN, Arneide Bandeira. O "Livro Sagrado" do Santo Daime. Disponível em http://www.unir.br/~cei/artigo11.html. Acesso em 02/07/2002.
[202] BAYER NETO, Eduardo. Tesouros do Ramefleteluz. nº. 1, 20/07/2003

 


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