47. Sete-Estrelas


Eu vi no sete-estrelas
Um rosto superior.
Eu digo é com certeza,
Que a Rainha me mostrou.

A Rainha me mostrou
Para mim reconhecer
O nome que tanto se fala
E ninguém sabe compreender.

Ninguém sabe compreender
Com amor, com alegria,
A pessoa de Jesus Cristo,
Jesus, filho de Maria.

Jesus, filho de Maria,
Desde a hora em que nasceu
Começou seu sofrimento,
Até o dia em que morreu.

Ele morreu neste mundo
Para nós acreditar,
Para nós também sofrer,
Para poder alcançar.

 

O número sete tem uma força simbólica sem precedente: sete são os dias da semana, as cores do arco-íris, os sentidos esotéricos do Alcorão, a soma do ying com o yang, os filhos e as filhas de Níobe, as artes liberais, os pecados capitais, as portas do Paraíso que se abrirão diante da mãe de sete filhas.

O sete é o número cósmico e sagrado que representa o céu, a totalidade do espaço e do tempo, um ciclo de vida concluído, o universo em movimento, a totalidade humana, o ser humano perfeito, o pacto entre Deus e a humanidade.

O sete é Maria, subindo aos céus coroada de estrelas, e sete são as Iemanjás, usando como diadema um arco–íris na linha do horizonte.[180]

Os antigos associavam esse número a vários fenômenos e formulavam combinações interessantes. Na visão dos antigos existiam sete planetas ou estrelas: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua. Da conta dos sete céus, tomaram e ordenaram por eles os sete dias da semana.

Nas religiões Judaica e Crsitâ, existem indicações interessantes: Noé foi orientado por Deus para colocar na arca sete criaturas de cada espécie. José serviu a Abraão por sete anos e depois por mais sete, quando recebeu por mulher a segunda filha, Lia. As pragas do Egito, sonhadas por José, foram de sete anos de fartura e sete de escassez. O candelabro de Moisés tinha sete ramos, e o Saltério, elaborado por Davi, foi dividido em sete partes. Jesus Cristo teria os sete dons do Espírito Santo, e os sacramentos da Igreja Católica são sete, todos eles necessários à salvação do homem.[181] 

O “Sete Estrelas” é o nome popular do conjunto de estrelas das plêiades da Ursa Maior, constelação de grande importância para o esoterismo e em diferentes astrologias do hemisfério norte, por se constituir no pólo norte estelar ou sideral (de onde vem todo universo conhecido); do ponto de vista astronômico, oposta, portanto, à constelação do Cruzeiro do Sul, pólo sul estelar (para onde todos estamos indo).[182] Segundo Guénon,[183] algumas tradições chamavam estas constelações de porta dos deuses e porta dos homens.

O Mestre Irineu tinha conhecimento da constelação de Ursa Maior e de sua importância, devido ao aprendizado adquirido no Circulo Esotérico de Comunhão do Pensamento. No solstício de verão o Sete-Estrelas pode ser vistos no céu do hemisfério sul.[184]

O setenário no Livro do Apocalipse é a chave para o seu entendimento, pois sete serão as estrelas, as igrejas, os Espíritos de Deus, os selos, as trombetas, os trovões, as cabeças, as calamidades, as taças, os reis, os cavaleiros...

... vi sete castiçais de ouro, e no meio deles estava o Filho do Homem; trazia um manto que lhe chegava aos pés e uma faixa de ouro em volta do peito. Os seus cabelos eram brancos como a lã, ou a neve, e os olhos brilhavam como chamas ardentes. Os pés reluziam como bronze polido e a sua voz tinha a majestade das grandes vagas. Segurava na mão direita sete estrelas e na boca uma afiada espada de dois fios; o esplendor do seu rosto era como o do Sol na sua maior força.[185]

As Sete Estrelas representam os sete centros de vida e consciência, ocultos na coluna vertebral e no cérebro, aonde Deus sopra sua energia cósmica que vitaliza os corpos astral e físico do homem.

Morada do espírito – da vida e da consciência divina do homem – os sete centros são saídas “divinamente planejadas”[186] através dos quais a alma desceu ao corpo e por onde deve reascender a Deus, na miração.

Em sua passagem consciente pelos sete centros cerebrospinais despertados, o espírito percorre a estrada real para o infinito, verdadeira via pela qual deve inverter sua trajetória anterior e, em sete etapas sucessivas – sete chacras – o espírito escapa para a Consciência Cósmica e volta a unir-se a Deus.[187]

Dona Percília Matos da Silva confirma essa assertiva quando diz: “...Então, quem é que ele viu no Sete Estrelas? Jesus, filho de Maria. O rosto superior que ele viu, foi o rosto de Jesus Cristo”.[188]

Numa visão semelhante, João, o Evangelista, escreveu:

Quando o vi, caí como morto a seus pés; e ele pôs a sua mão direita sobre mim, dizendo: não temas, eu sou o primeiro e o último; e aquele que vive. Estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves do inferno e da morte. Escreve, pois, as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de suceder. Eis o mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete candeeiros de ouro: as estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.[189]

As sete estrelas são os sete chacras despertos que, no êxtase divino proporcionado pelo Daime, transforma nossos corpos físico e astral em luz.

 

Notas:
[180] CHEVALIER, Jean & GHEERBRANT, Alain. Sete. In: Dicionário de símbolos. Mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 2000. Tradução de Vera Costa e Silva... [et al.], 15a. edição. pp. 826-831 op cit disponível em http://www.hispanista.com.br/revista/artigo74.htm#_edn20 Acesso em 30 agosto 2005.
[181] COELHO FILHO, Luiz Walter. A fortaleza do Salvador na Baía de Todos os Santos. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2004, p. 315-316.
[182] BOLSHAW, Marcelo. Publicação eletrônica (mensagem pessoal). Mensagem recebida por <juarezbomfim@uol.com.br> em 24 out. 2005.
[183] René Guénon (1886 -1951), mestre do esoterismo ocidental.
[184] O Padrinho Sebastião “me mostrou o Sete Estrelas no céu” amazônico, nos informa Marcelo Bolshaw. In: BOLSHAW, Marcelo. Publicação eletrônica (mensagem pessoal). Mensagem recebida por <juarezbomfim@uol.com.br> em 24 out. 2005. 
[185] Apocalipse 1: 12-16.
[186] YOGANANDA, Paramahansa. A eterna busca o homem. Impresso nos Estados Unidos da América: Self-Realization Fellowship, 2001, p. 470.
[187] Ibidem, p. 470.
[188] MAIA NETO, Florestan J. Contos da Lua Branca. V. 1. Rio Branco: Fundação Elias Mansour, 2003, p. 35; "Não sabe o 'sete–estrelas' que tem no astral superior, lá no firmamento do astral? Pois é, foi lá que ele mirou o rosto de nosso Senhor, Jesus Cristo…” Depoimento de Dona Percília Matos da Silva in TEIXEIRA de FREITAS, L.C. O Mensageiro. Disponível em <http://www.juramidam.jor.br/10_sol-princesa.html> Acesso em 12 de maio de 2005.
[189] Apocalipse 1: 17-20.

 


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