3. Ripi

 

Ripi, Ripi, Ripi
Ripi, Ripi, Iaiá
Se você não queria
Para que veio me enganar?

 

O terceiro hino, também de apenas uma estrofe, pode ser ainda considerado uma chamada a entidades astrais que, atendendo ao chamado, “também vem chegando”.[22]

Dona Percília Matos da Silva avalia que esse hino é um alerta para os casos em que "... chega um irmão, participa e depois não procura aprender e fica até atrapalhando os outros. Em vez de seguir direitinho, prestar atenção aos ensinos, não faz isso. Aí o Mestre diz: - Para que veio me enganar, se não queria?" [23]

Para que veio me enganar, se não queria aprender a mensagem divina?

Ripi, Ripi, Ripi
Ripi, Ripi, Iaiá

Assim como no exemplo anterior, pode também não ser uma entidade espiritual, e sim um cantarolar (trautear) inicial [24], introdutório aos versos de alerta:

Se você não queria
Para que veio me enganar?

Num enfoque transcendente, Bayer Neto considera que este hino situa o emissor dos cânticos da ayahuasca como elemento externo ao receptor - não são hinos ao cipó (ayahuasca/daime), enquanto força que se deva aproximar ou afastar, e sim hinos do cipó, enquanto elemento condutor da vibração transcendente. Este breve hino, para esse autor, é um chamado “à responsabilidade e à entrega absoluta ao êxtase visionário” [25] por parte da pessoa que ingeriu o daime.

Notas:

[22] Percília Matos da Silva citada por MAIA NETO, Florestan J. Contos da Lua Branca. V. 1. Rio Branco: Fundação Elias Mansur, 2003, p. 22.

[23] Percília Matos da Silva citada por MAIA NETO, Florestan J. Contos da Lua Branca. V. 1. Rio Branco: Fundação Elias Mansur, 2003, p. 22.

[24] Cantarolar, em geral emitindo apenas sílabas que expressam a melodia. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

[25] BAYER NETO. A Relíquia do Iagé.

 


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